sexta-feira, 19 de abril de 2013

Carta ao Guerreiro. Um ano de saudade.

  Olá meu filho querido.

  Hoje está completando um ano que você nos deixou e foi morar com Deus...

  Um ano sem sua presença, sem poder olhar seus lindos olhos azuis, "escutar" o seu choro e poder chegar em casa e falar "Oi meu gordo..."

  Todos os momentos de sua presença (física, pois estará sempre em nossos corações) ainda passam pela memória como um filme, desde o dia do seu nascimento até a sua partida. 243 dias que serão lembrados para sempre.

  Me recordo do seu nascimento, do sentimento de felicidade com apreensão, pois não chorou e veio ao mundo com suas limitações físicas, da Médica dizendo "Pai, vamos verificar a gravidade das formações, pode ser que ele não sobreviva e dependendo da condição será melhor...". Se você tivesse vivido apenas um dia, uma hora, já valeria a pena, mas Deus tinha seu plano formado e permitiu que vivêssemos estes 243 dias ao lado de um anjo.

  Lembro do primeiro dia em casa, após 195 dias na UTI, sendo cuidado por verdadeiros anjos, com todo carinho e atenção, anjos sem asas que dedicam suas vidas para cuidar de outras tão pequenas e indefesas, que seremos eternamente gratos (Equipe NEO Maternidade São Luiz - Itaim). Primeiro dia que sonhamos desde que nasceu e foi um dos momentos mais incríveis que tivemos.

  Mas também a sua partida está como filme em nossa memória. Relembro a última noite como se fosse hoje. Estava fazendo você dormir, sentado na velha cadeira branca com sua cabeça encaixada entre meus braços como fazia nos últimos dias. No aparelho tocava o CD de música para ninar do São Luiz. Relembro que cantei pra ti..." Alecrim, alecrim dourado que nasce no campo...." (até hoje não posso escutar esta canção...), aliás, cantava sempre esta música para você dormir... mas o telefone tocou do trabalho e tive que atender, deixando você no berço e acabei não retornando mais, pois a enfermeira estava ninando você. Assisti a vitória do nosso time na Libertadores e fiquei acordado até tarde, como fazia sempre.
Fui dormir e já acordei com o barulho da mamãe. Fui no quarto e vi você sem a traqueo, roxinho, no colo da enfermeira e a mamãe tentando colocar novamente a traqueo, tremendo... De imediato peguei a mangueira do respirador e coloquei próximo do seu nariz, onde aparentemente você voltou... a partir daí, até hoje, confesso não ser fácil aceitar, a ambulância demorar 40 minutos para chegar e a gente, bem como a enfermeira, não ter monitorado corretamente sua respiração e sua saturação, pensando que era apenas falha do aparelho. Ainda vi você abrindo um pouco seus olhinhos, mas por quanto tempo não sei... depois foi a chegada da equipe médica, a tentativa de reabilitação, mas já era tarde demais... Você já tinha ido morar com Deus.

  Prefiro pensar e aceitar que você já havia cumprido sua missão na Terra e que Deus quis você novamente no céu, mas há horas que bate aquela incerteza, aquele pensamento que não fomos competentes o suficiente para dar toda atenção necessária e para evitar seu sofrimento maior, Deus antecipou Seu Plano. Prefiro acreditar na primeiro opção e acreditar que, se não ocorresse naquele dia, poderia acontecer a qualquer momento.

  Temos que seguir a vida, com uma saudade imensa e eterna, mas com Fé em Deus, o apoio de toda família e você em nosso coração, cumpriremos agora a missão de cuidar do seu irmão, com toda dedicação e amor que ele precisa.

  Peço desculpas por não cumprir minha promessa de ir te visitar todo mês, mas não o visitei apenas fisicamente já que estás todo dia em meu coração.

  Arthur, te amaremos eternamente.


  Descanse em paz Meu Guerreiro.

  Luiz, Adriane e Matheus